Responsável por um trabalho incrível como assistente social, Daniela de Cássia Duarte, conhecida como Dany Duarte, é fundadora e voluntária do Movimento Mãe Águia em Campo Grande. Além fazer o trabalho de prevenção e acompanhamento, ela intercede e acolhe as famílias e as crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, que são primordialmente atendidas por um dos órgãos competentes do Sistema de Garantia de Direitos (SGD) e encaminhadas por eles para os serviços prestados pela Organização da Sociedade Civil (OSC).
“Sou fundadora, associada e voluntária do Mãe Águia. E destaco a relevância de falarmos com crianças e adolescentes sobre violência sexual, pois é uma ferramenta de prevenção muito necessária, nos núcleos familiares e nas escolas, além de ser responsabilidade compartilhada de proteção e garantia de direitos, permite que identifiquemos situações e sinais de abuso sexual e outras formas de violências”, destacou.
No Movimento Mãe Águia é prestado as ações essenciais como a requisição de serviços do Conselho Tutelar, como uma Medida Protetiva preconizada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ou ainda, pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA); pelo Ministério Público Estadual; Vara da Infância, Adolescência e do Idoso; e demais órgãos da rede socioassistencial ou um cidadão comum que suspeitou de violência”, explicou Dany.
Durante o período pandêmico, o atendimento foi estendido às múltiplas violências contra crianças e adolescentes. Inclusive, o segmento “mulher”, teve a centralidade em outro trabalho implantado na Organização da Sociedade Civil que é o Psicodrama. “Para mim, que sou Assistente Social é Socionomia (leis sociais), com foco no socioeducacional. Portanto, pesquisei um grupo de 15 mulheres (mães, avós, tias) acompanhantes das crianças participantes dos serviços oferecidos; e após a conclusão da minha formação, publiquei o meu terceiro livro ‘Transformando DOR em FLOR’, em dezembro de 2022”.
Dany é Assistente Social há 30 anos e atua diretamente no atendimento às famílias; na Política da Assistência Social: em CRAS, com ações preventivas e programas sociais; e em CREAS, com indivíduos com vínculos familiares fragilizados: LGBTQIAP+, criança e adolescente, mulher, pessoa idosa, povos originários, entre outros. “Nos últimos 15 anos, atuo em comunidades em Unidade Saúde da Família realizando os plantões, em uma das maiores UPA’s (Unidade de Pronto Atendimento) de Campo Grande-MS”.
O movimento já tem 11 anos de constituição legal oferecendo serviços, atendimentos e projetos executados. O projeto nasceu durante o curso de Mestrado em Ciências da Educação a fim de produzir um trabalho científico que divulgasse os resultados em todo Sistema de Garantia de Direitos. “Durante as etapas, as mulheres criaram cartazes, adquirindo conhecimento e informações para diferenciar as diversas situações, compartilhando com outros grupos de mulheres. Durante os dois anos, atingimos 2.700 pessoas. Ao final, recomendei a constituição da Associação Movimento Mãe Águia, ocorrida legalmente em 2013, como planejamos”.
Dany é movida pelo altruísmo. Questionada sobre o que mais a motiva, ela ressaltou o carinho das crianças durante os atendimentos. “Elas dizem: também te amo! Estar com as crianças no dia a dia e receber carinho, me motiva cada dia mais a elaborar, planejar e avançar em novos projetos que alcancem recursos em todas as esferas do governo e da iniciativa privada; para a execução, ampliação da prevenção, atendimento e combate das violências; e implantação de novas práticas de sucesso”, descreveu.
Experiência – Recentemente, Dany participou das eleições municipais como candidata a vereadora. “Uma oportunidade de vivenciar e constatar o quanto aumentou o índice de pobreza e de vulnerabilidades socioeconômicas e emocionais em nosso município, pois, se de um lado, sou Assistente Social que efetiva os direitos da população frente as políticas públicas; de outro, estava no papel de candidata a vereadora — recebendo incontáveis pedidos —, mas empenhada na vitória, almejando ampliar projetos dos quais já conquistei experiências e, claro, concretizar as atribuições junto à Câmara Municipal”.
“Ora, é necessário desmistificar a cultura da troca, de favores e da corrupção; e fazer chegar, dar acesso à transferência de renda dos programas sociais aos territórios mais vulneráveis, bem como transformar recursos públicos utilizados de forma equivocada, em OSC’s como Mãe Águia, entre tantas; em projetos sociais, culturais, esportivas, habitação, segurança, saúde, geração de renda, entre outras oportunidades de os munícipes crescerem e terem autonomia financeira e emancipação familiar”, complementou.
Dany não descarta disputar as próximas eleições. “Dependerá muito em qual projeto eu estiver envolvida e comprometida, pois sempre estou com um planejado, pronto para ser executado por Mãe Águia, que já somam mais de 30. Mas provavelmente sim, pois espero muito contar com as centenas de pessoas que me apoiaram e votaram em mim pela primeira vez como candidata a vereadora, para que sejam multiplicadores de todo meu trabalho e projetos. Agora, além da minha família, eu tenho eleitores! Pelo que sou extremamente grata! ”.
“Temos muitos depoimentos de que conhecer e participar da Mãe Águia foi um divisor de águas e do quanto o trabalho foi considerado como uma cura dos problemas emocionais, conflitos e demais fragilidades ou traumas, melhorando a sua saúde mental, potencializando suas habilidades pessoais e sociais. É assim que continuarei trabalhando pela população da nossa querida Campo Grande: baseado na constância, resistência e amor; defendendo os seus direitos, transformando as comunidades!”, finalizou Dany.
Se fosse para dar um conselho, qual seria?
“Chamar a atenção de diretores da iniciativa privada (empresas) para a prática da responsabilidade social em realizarem iniciativas, mostrando que conhecem seu papel transformador para uma sociedade melhor. Todos os setores são responsáveis! Afinal, o consumidor também escolhe marcas que impulsionam o crescimento sustentável, garantindo melhoria na reputação, atraindo investimentos e contribuindo para a construção de um futuro mais justo e equilibrado. Uma acertada iniciativa seria ser associado físico ou jurídico da Associação Movimento Mãe Águia”.
Considerações finais
“Sou ativista social! Fiz e faço política todos os dias, é intrínseco à minha profissão, no entanto, nunca, jamais, utilizei minha prática profissional para “tornar-me política”, muito menos nasci em berço de políticos, ou ainda utilizei a OSC Mãe Águia para atividades escusas. Simplesmente aconteceu após algumas discussões com um grupo! Atendi ao clamor de alguns usuários e profissionais; e aceitei ao desafio, considerando que acredito sim, que a mulher dever estar e trabalhar onde quer que seja. Almejei ocupar um espaço de poder a fim de ampliar meus projetos e ter condições de implantar novos núcleos, novas frentes de trabalho para atingir todas as comunidades. Destinar recursos públicos voltados às incontáveis questões sociais é um direito da população! Fiscalizar é o nosso dever!”
“No tocante à Mãe Águia, sou fundadora, associada e voluntária. E destaco a relevância de falarmos com crianças e adolescentes sobre violência sexual, pois é uma ferramenta de prevenção muito necessária, nos núcleos familiares e nas escolas, além de ser responsabilidade compartilhada de proteção e garantia de direitos dos mesmos, permite que identifiquemos situações e sinais de abuso sexual e/ou outras formas de violências, evitando recorrências, bem como notificar e encaminhar para a rede atender e dar seguimento nas providências de forma intersetorial”.
“Já a comunidade e os vizinhos, devem ficar atentos aos possíveis sinais de mudança de comportamento para oferecer a denúncia, uma vez que 85% dos abusos e maus-tratos são perpetrados no âmbito familiar. São sinais de alerta: – a criança passa apresentar atitudes que não faziam parte do seu cotidiano, como alterações de humor, irritabilidade, isolamento social, masturbação precoce, medo e retraimento. Muitas vezes as mudanças são repentinas e acontecem de forma inesperada”.
“No contexto geral, a tarefa de enfrentarmos a violência sexual contra crianças e adolescentes não está apenas na responsabilização individual dos autores da violência (mesmo porque, nem todos são presos ou condenados); mas em uma atuação intersetorial que articule medidas e ações de proteção e apoio às vítimas e suas famílias (que muitas vezes, não são o pai e nem a mãe; e sim, a família extensa). A entrada dessa questão no âmbito institucional, seja pela política de assistência social ou saúde, ou ainda, por qualquer integrante da rede de proteção, exige que seus atores sejam amigáveis, sensíveis e acessíveis às crianças e adolescentes, para que se adquira a confiança e possam trabalhar de forma eficaz e resolutiva. Evitando-se, assim, a violência institucional, a negligência e a omissão profissional, preconizada por lei”, finalizou Dany.
Concluindo, é extremamente necessária a parceria da sociedade para que orientem e divulguem nossos serviços gratuitos; e projetos para absorvermos cada vez mais crianças, adolescentes e famílias que sofrem no anonimato, e precisam de atendimento personalizado psicanalítico, ações contínuas, apoio sociofamiliar, através do Setor Serviço Social e das sessões de Psicodrama (terapia grupal) para que suas vidas sejam transformadas, impactando positivamente na dinâmica familiar. Temos muitos depoimentos de que conhecer e participar da Mãe Águia foi um divisor de águas e do quanto o trabalho foi considerado como uma cura dos problemas emocionais, conflitos e demais fragilidades e/ou traumas, melhorando a sua saúde mental, potencializando suas habilidades pessoais e sociais. É assim que continuarei trabalhando pela população da nossa querida Campo Grande: baseado na constância, resistência e amor; “defendendo os seus direitos, transformando as comunidades!”
Três palavras: Superação, resiliência e determinação.
Superação – Por não permitir que a dor sofrida na infância, após a separação dos meus pais e todo desdobramento; impedisse que eu me tornasse um ser humano do bem e que oferece o bem, na tentativa de construir coletivamente um lugar, uma comunidade, uma cidade e um mundo melhor para se viver em construção da paz, sem violências.
Resiliência – Sou capaz de voltar ao meu estado mental e emocional após passar por uma experiência difícil, tendo a capacidade de enfrentar as adversidades vividas, extraindo o lado positivo. Tenho vários exemplos, mas o último, foi ter tido um número de votos aquém do que esperávamos enquanto projeto coletivo.
Determinação – Ocorre quando tomo a decisão de iniciar algo, sigo até o fim, mesmo que eu esteja sendo prejudicada durante o percurso, mantenho o foco pela palavra dada. Um exemplo negativo foi a candidatura nas eleições de 2020, como vice-prefeita. Um exemplo positivo foi enfrentar o mestrado no Paraguai por 02 anos para a criação da Associação Movimento Mãe Águia.
Texto: Roberta Cáceres
Fotos: Arquivo pessoal