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Quem de fato é Soraya Tronicke? Tão necessária no Congresso Nacional e com pouco reconhecimento em MS

Mato Grosso do Sul precisa conhecer melhor o valor e a importância da senadora devido à sua competência e atuação.

by Roberta Cáceres

Mato Grosso do Sul precisa conhecer melhor o valor e a importância da senadora Soraya Thronicke (Podemos) devido à sua competência e atuação. Poucos sabem ou querem reconhecer o desempenho de uma das mulheres que desafia o sistema político brasileiro e carrega consigo a diversidade e cultura do povo sul-mato-grossense, colocando o Estado no topo de definições importantes que impactam todo o País.

“É desafiador, mas eu tenho muito orgulho da minha terra, da onde eu nasci. Mato Grosso do Sul tem muito a se orgulhar, principalmente das suas mulheres em projeção nacional, independentemente de partido. Tivemos a Tereza (Cristina) como ministra, agora temos duas ministras, a Simone (Tebet, Ministra do Planejamento e Orçamento), e a ministra Cida (Gonçalves, Ministra das Mulheres) que são maravilhosas. E muita gente não sabe e não reconhece a importância”.

Por sua vez, Soraya está à frente de CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) e temas de grande repercussão, como a relatoria da CPI das Bets (apostas de jogos online) que envolve influenciadores famosos; a defesa da regulamentação para cigarros eletrônicos e essências de narguilé no Brasil por meio do Projeto de Lei 5.008/23; e a CPI do 8 de Janeiro — que visa apurar quem são os políticos e os financiadores por trás dos atos de violência no Congresso Nacional.

Em seis anos de mandato como senadora, Soraya já participou de diversas Comissões no Senado, é vice-líder da bancada feminina, está como líder da bancada dos parlamentares de Mato Grosso do Sul — deputados federais e senadores. É candidata à presidência do Senado Federal e assumiu a presidência do Diretório Regional do Podemos no Estado, onde coordenou os candidatos municipais, nas eleições de 2024.

Soraya foi candidata presidencial, nas eleições de 2022, ampliando debates importantes no cenário nacional, em que disputou com o atual presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Simone Tebet (MDB). Na época disputou pelo União Brasil, obtendo mais de meio milhão de votos — exatos 600.955.

Muito mais – Além de tudo isso, Soraya é esposa de Carlos César Batista, com quem compartilha a vida há mais de 30 anos, mãe e advogada. Fez MBA em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, pós-graduada em Direito Tributário e em Direito de Família e Sucessões. Antes de ser eleita senadora, se dedicava às causas do seu escritório de advocacia.

Ela tem um ponto fraco: não pode ver um pet que se derrete. Sim, Soraya adora seus animais, se compadece quando fica sabendo de maus-tratos e, inclusive, faz questão de encaminhar recursos para ONGs e associações sérias que cuidam de animais no Estado. Em sua casa, ela recebeu a equipe da Revista AL.SO, em Campo Grande, onde mora com suas cadelinhas: Betinha e Deusdete e a caçulinha, a gatinha Amora.

Visibilidade – Diferentemente do cenário nacional, em No Mato Grosso do Sul Soraya é vista como pouco acessível. Uma das causas disso ocorre pelo fato de ser a senadora que menos investe na divulgação de suas ações. Um erro que já está sendo reparado. “Estamos reformulando isso, vamos divulgar mais, principalmente nas redes sociais. O principal nós temos, que é muito trabalho para mostrar! ”, afirmou a senadora.

Outra dificuldade é que muitas emendas e recursos que a senadora consegue para serem executadas pelas prefeituras do Estado não citam ou pouco aparece a sua autoria como intermediadora. “Eu acredito que temos que encaminhar recursos independentemente dos partidos, eu penso que acima de tudo vem a população, mas eles (prefeituras) escondem o nosso nome, isso é outra coisa que também estamos trabalhando”.


Onça de MS – Assim como uma onça que é extremamente habilidosa, se adapta em diferentes condições e surpreende seus “alvos”, Soraya também é na política. Em um debate presidencial, após ser intimidada pelo, então presidente na época, Bolsonaro, ela disse que “quando homens são tchutchucas com outros homens e vêm pra cima da gente (mulheres) sendo tigrão, eu fico extremamente incomodada, fico brava. No meu Estado tem mulher que vira onça, eu sou uma delas”, falou Soraya fazendo referência à personagem Juma Marruá, da novela Pantanal, que tinha sido gravada em Mato Grosso do Sul.

E ela não estava exagerando. Soraya Thronicke é vista nos bastidores do Senado como uma das mulheres mais atuantes e combativa. O que chama a atenção é seu amplo entendimento em pautas que, na maioria das vezes, são predominantes masculinas, como questões tributárias e do orçamento.

Violência política de gênero – “A gente sofre muita violência política de gênero. Eu mesma achava isso uma baboseira, um mimi. Quando eu entrei lá dentro eu sofri na pele. Não só por parte dos políticos, porque lá dentro começa uma nova ‘guerra’ pela disputa de espaço. Mas também porque eles não nos levam a sério e pensam que estamos fazendo uma brincadeira de menina”, afirmou Soraya.

Inclusive, Soraya já foi ameaçada de morte devido aos seus posicionamentos contundentes. Mesmo assim, ela não se abate. Ela e sua família tem se resguardado e tomado todas as medidas possíveis para se prevenir. “Fui até ameaçada de morte em Dourados”, comentou ela.

“Apesar de tudo, eu fui eleita naquela onda Bolsonaro, mas teve alguns apoiadores que tiravam o rosto do Bolsonaro dos meus materiais de campanha. Mas ele já me traiu antes mesmo do resultado da eleição. Ele pediu voto somente para o (Waldemir) Moka (do MDB). Eram duas cadeiras, ele poderia falar: vote Soraya e Moka, mas pelo contrário”, desabafou.
“Esse tipo de violência as pessoas pensam que não existe. No primeiro debate na Band, em 2022, ficou nítido que as mulheres sofrem mais violência na política. Eu e a Simone apanhamos muito, as pessoas ‘batiam’ na gente sem motivos, sem termos nenhum escândalo de corrupção, por nada… nos xingavam muito nas redes sociais”.

O estudo feito pelo Instituto AzMina mostrou que Simone Tebet e Soraya Thronicke foram alvo de ao menos 5.246 publicações ofensivas, somente na rede social X (antigo Twitter), após participarem do debate realizado por Band. O observatório identificou 6.661 termos que correspondiam a insultos ou tentativas de inferiorizar Tebet e Thronicke. Entre eles havia palavras consideradas misóginas, gordofóbicas, de descrédito intelectual e de assédio sexual, por exemplo.

Senado – “Sou candidata à presidência do Senado, em 200 anos nenhuma mulher assumiu a presidência. Eu e a Eliziane (Gama, do PSD) estamos trabalhando juntas, quem despontar vai ser candidata e vamos apoiar uma a outra”. A Casa votará no próximo sucessor de Rodrigo Pacheco em fevereiro de 2025.

Pré-candidata – “As pessoas perguntam: é verdade que você vem para Federal? Nunca disse isso! Está congestionado para eles, porque uma vaga já é minha”, afirmou Soraya referente a próxima eleição em 2026, em que terá duas vagas para o Senado.

Recursos – “No primeiro ano de mandato, eu mandei recursos para todos os municípios, até porque eu não encaminhei pensando no prefeito e sim para a população, porque eu tive votos nos 79 municípios. Mandava dinheiro sem o prefeito pedir. Hoje eu sei que eu só vou mandar realmente para o prefeito que vai executar, para não perder a verba, infelizmente. Por exemplo, para o prefeito Alan Guedes eu mandei R$ 40 milhões, cadê? Pouquíssima coisa ele executou”, lembrou Soraya.

“Eu fico raspando o tacho, até o último momento. No dia 28 de dezembro de 2022, antes do governador Eduardo Riedel assumir e antes da posse do Lula eu consegui R$ 25 milhões via o Ministério de Desenvolvimento Regional. O ministro me ligou e falou você tem que mandar até as 16h para fazer a indicação. Entrei em desespero porque tinha que ter projeto, uma série de coisas”.

“Eu pensei, vou mandar tudo para Campo Grande porque é mais fácil e eles devem ter projetos prontos e eu não vou picotar o recurso porque não teria nem tempo. Falei prefeita, tenho um presente de Natal para senhora. Ela enrolou, enrolou… e nada. Pensei, não posso perder e liguei para o Riedel, que estava bravo comigo por conta da história do Capitão Contar. Mas em cinco minutos eles me encaminharam o projeto e o recurso foi para o Estado, desde então começamos a trabalhar e executar pelo Estado, em Campo Grande são R$ 78 milhões que eu já mandei”, complementou Soraya.

Educação financeira – “Esse assunto é muito importante para ser ensinado para as crianças e jovens. Eu mandei este ano o dinheiro específico sobre isso para o Estado. Tem que ter educação financeira nas escolas, foram R$ 7,5 milhões para a educação financeira nas escolas estaduais, depois queremos estender para as escolas municipais”.

Rota Bioceânica – “A nossa localização geográfica é muito interessante, fazemos divisa com cinco estados e fronteira com dois países. É maior fronteira seca permeável de todo país. Tem uma capacidade logística muito boa, só que infelizmente tem sido usada para o crime organizado. Aqui entra drogas e armas. Então, já deu para entender que tem uma vocação de logística aqui. Precisamos recuperar a navegabilidade do Rio Paraguai, a rota vai ajudar, mas nós precisamos investir em ferrovia, na navegação e estrutura”.

 

Texto: Roberta Cáceres
Fotos: Miguel Palácios
Publicação: Revista AL.SO em dezembro de 2024

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